Você vem e me rasga com a tesoura de um adeus seco, simples. E eu aqui a me fingir completa nessa vastidão de orgulho. Eu permaneci aqui, na linha de chegada, mal sabendo que você não voltaria. Porque não demos adeus, eu sei, mas a partida foi definitiva e a sua volta, proibida. Andei uns passos trôpegos com um medo visível de despencar sem o pedaço que você acaba de me tirar, um desequilíbrio vergonhoso. Ainda que tricotada, integralmente luto contra o pedaço solto que insiste em querer você. Ouço sua felicidade e aterro minha desilusão, não era nada daquilo. Deduzi, preferindo a verdade laminada, não era nada daquilo... Você carrega sempre uma ternura forjada, uma carência fingida e eu aqui pensando que podia lhe completar com meu amor, lhe preencher com a minha solicitude. Era na sua verdade sem vigor que descansava minha insegurança. Eu quase cedi e você nem viu. Não viu minhas tentativas tortas de tentar fazer-me entender ainda que afundada em meio à tanto silêncio. Você não viu que minhas palavras cambaleavam frente aos seus olhos.
A minha vontade instantânea é de empacotar tanto sentimento embaralhado e jogar no mar que assiste a essa cena tão byroniana de amor fracassado e spleen. Pra que as ondas levem ou mesmo afoguem tanta vontade não correspondida, tanta prontidão em vão. Queria era dizer “Me leva, vou com você.”. Onde? Não perguntei. Não importava. Simplesmente arrumaria as malas e me mandaria pra me quebrar por aí pelo mundo, nessa vida bandida com você onde quer que fosse. Mas não foi suficiente e você não quis me levar. E agora, penso eu, nem mais quero ir, porque aprendi a pensar com a razão. E sinto como se eu tivesse deixado passar, frente a meus olhos, tantas provas inegáveis de que eu não era pra você. E não o que você precisava ou queria (para o inferno com tuas necessidades!), mas irrefutavelmente o que não merecia e nunca mereceu. Esquece o mérito, minha querida. Esquece o mérito que não é proporcional ao amor, não é sobre conveniências. Esquece o mérito e olha pro mar. Deixa naufragar, deixa passar, deixa a onda limpar. Sei que ainda me considera isca, não mais tão fácil, pro seu anzol, mas há muito mudei de águas. Mudei de águas e vejo tua sombra aflita pedindo por oxigênio. Mas não sou eu quem vai lhe dar. Não sou eu, deixo afogar.
Guria, acho que tu escreves tão bem, que sinto falta de ser guiada pelas tuas linhas, de ser tocada pelas tuas palavras. Confesso, deixei afogar também. Às vezes é preciso deixar de ser isca, aprender a pescar, selecionar o que é melhor pra gente. Não se deixar envolver pelo o outro e escapar viva. Um beijo pra ti!
ResponderExcluirDi, quem dera todas tivessem a coragem de puxar a isca no momento necessário. Quanto sofrimento seria evitado.Lindo texto,para variar. Estava com saudades de lê-lo. Te amo!
ResponderExcluir"A minha vontade instantânea é de empacotar tanto sentimento embaralhado e jogar no mar que assiste a essa cena tão byroniana de amor fracassado e spleen."
ResponderExcluirMe sinto exatemente assim!
Beijos
Lindo o texto! Amei conhecer teu blog!
ResponderExcluirDeixe afogar e depois olhe no que dá, mas não seja tarde demais.
ResponderExcluirForte
ResponderExcluirIntenso
Doído.
Primeira vez que visito seu blog, e por estar certa de que voltarei, já estou te seguindo. Acrescentei seu link à minha lista, e digo isso com prazer, porque seus textos... há algo neles que me remete a mim mesma, intimamente. E por outro lado são diferentes. E bonitos e sinceros. E não falarei muito para não parecerem elogios forçados de uma primeira vista. Mas voltarei. Espere.
ResponderExcluirE deixe que o mar varra tudo que nunca foi suficientemente limpo para se dissolver em você.
Não querer ser levada em uma viagem dessas é de matar...
ResponderExcluir"Esquece o mérito, minha querida. Esquece o mérito que não é proporcional ao amor, não é sobre conveniências."
Nem sei o que comentar, só queria transcrever essa parte, que realmente tocou.
Aliás, o amor geralmente é um grande inconveniente nas nossas vidas. Um inconveniente necessário.
Parabéns pelas palavras...
"Pra que as ondas levem ou mesmo afoguem tanta vontade não correspondida, tanta prontidão em vão."
ResponderExcluirAh, amanda, como você consegue, me diz?
É isso aí o que vivo, só me falta mesmo a coragem de deixar afogar de vez e parar de ficar jogando botes salva vidas.
Sou muito fã dos seus escritos, sempre.
Ah, que lindo texto. Doloroso, mas encantador.
ResponderExcluirBeijo grande
Sua linha de chegada mudou e você agora está triunfante! Talvez você esteja mais confiante, com a visão mais clara!
ResponderExcluirE é inegável que nunca estamos preparadas pra um ADEUS, eu mesmo não sei e me recuso a dizer um!
beeijo ;*
"E sinto como se eu tivesse deixado passar, frente a meus olhos, tantas provas inegáveis de que eu não era pra você. E não o que você precisava ou queria (para o inferno com tuas necessidades!), mas irrefutavelmente o que não merecia e nunca mereceu." Pro inferno, Amanda Arrais! heheheh Perdoe e a brincadeira, não passa disso. Recorto este trecho pelo óbvio motivo de ser perfeito aos recentes (?) momentos. Prossegues hábil em meio as palavras! Boa semana... apareça lá em www.opiniaoearte.com.br, um convite que te faço - sentiria-me honrado se o considerasse, ao menos.
ResponderExcluirIntensa como sempre.
ResponderExcluirAdoro os teus textos.
Um abraço, flor!
Menina, adorei seu post... Perfeito!
ResponderExcluirA gente que lê sente a sensação de liberdade que o teu texto nos mostra... Bastante profundo e intenso, além de muito bem escrito.
Acho que é exatamente assim que devemos olhar e agir para com pessoas que, analisando bem e olhando pra trás, nunca mereceram nosso amor.
Meus parabéns!
Um ótimo final de semana pra ti e obrigada pelo comentário no meu blog!
Beijão flor
Oi Mandinha...
ResponderExcluirAqui quem fala é a Ju House do cacheada e cheia de onda
eu to num projeto juntamente com minha amiga de levar adiante um sonho antigo que era falar sobre problemas
femininos, o blog seria como um disconte no cara que fez ela sofrer, e seria uma forma de ajudar alertar ou
manter a mente de outras mulheres abertas, mostrar do que o amor é feito, é a verdade nua e crua. O nosso
projeto é de tirar sarro dos acontecimentos, ao invéz de se deprimir e ocupar a mente com besteira a nossa
idéia é mostrar onde tá o erro no relacionamento na postura da mulher com a vida que está levando.
Faremos isso também em forma de vlog, que é inclusive uma forma mais rápida de divulgar, porém vamos
começar por aqui para termos umas histórias, se você tiver algum dilema, conhecer alguém que tenha,
mande-nos, dá uma olhadinha no nosso post, pode mandar anonimo mesmo pro e-mail, é melhor que invente
um nome um lugar pra vocês mesmas identificarem a história, no post ou aqui mesmo, porquê faremos
questão de responder a cada um dos e-mail's.Se quiser divulgar o blog e a idéia eu agradeceria também!
Beijos sentimentais!
Adoro essa música e encanto-me sempre mais com suas palavras.
ResponderExcluir"Deixo afogar" - quero poder dizer convictamente isso um dia! Afinal, quem manda ter uma coisa que ainda me domina chamada coração? Beijos e ótima semana, linda!
ResponderExcluirAos Poetas e Poetisas...
ResponderExcluirPoetas e Poetisas...
Nunca parem de escrever...
Quando paramos ...sucumbimos ao mundo...
Não podemos permitir que tamanha dor alcance nossas almas...elas merecem muito mais ...
Merecem fluir em meio às palavras...merecem encontrar à liberdade que o mundo não nos dá...
Quanto mais leio , mais me encanto com suas palavras e me identifico com o que escreves de maneira tão grandiosa.
ResponderExcluirLindo texto.
Penso que a indiferença seria um ingrediente poderoso nessa receita que você fez.
ResponderExcluirMas compreendo que é necessário usar mais do que isso.
É preciso colocar todos os sabores, confundir paladares e servir aos convidados exatamente o que seu coração pediu para preparar.
Abandonar-te ao mundo é um crime de fiança alta e, a julgar pelo final, já estão pagando.