quinta-feira, 28 de outubro de 2010

The pieces don't fit anymore



"I've been twisting and turning in a space that's too small. I've been drawing the line and watching it fall. You've been closing me in, closing the space in my heart, watching us fading and watching it all fall apart. Well, I can't explain why it's not enough cause I gave it all to you. It's time to surrender, it's been to long pretending. There's no use in trying when the pieces don't fit here anymore"

[James Morrison]

Você me segurou os ombros e pediu que eu esperasse. Eu lhe olhei nos olhos e aceitei a condição. Você me deu as costas e andou calmamente como quem caminha sem rumo. Eu lhe dei o coração e contei seus passos calculando a frequência e sua velocidade em distância por tempo. Você sumiu de vista, adentrou em outro plano. Eu lhe desenhei em mente, admirei abstratamente. Você contemplou novas paisagens, nadou em novas águas. Eu bebi uma saudade travosa, testemunhei lembranças fugirem do meu domínio. Você festejou, dançou e dormiu com o sol, abusou. Eu ouvi a música do silêncio enquanto cantava sua voz em meus ouvidos, abusei da solidão. Você cansou as pernas. Eu deixei de sentir as minhas, dormência. Você, depois de tanto vida de aventura, foi arrebatado pela nostalgia. Eu,vencida pelo cansaço, pedi bandeira branca, anunciei desistência. Você decidiu voltar. Eu escolhi partir. Você chegou e eu não estava mais lá. Eu ainda estou em você. Você não está mais em mim

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

How deep is your love?



"Do amor amuleto que eu fiz, deixei por aí. Descuidei dele, quase larguei, quis deixar cair. Mas não deixei, peguei no ar e hoje eu sei, sem você sou pá furada. Ai, não me deixe aqui, o sereno dói. Eu sei, me perdi. Mas ei, só me acho em ti."

[Los Hermanos]

Quero te falar coisas. Umas mais simples, outras nem tanto. Mas, olha, já me embaralhei tanto em linhas soltas tentando, fracassadamente, declarar esse amor incompreensível. Só que hoje é diferente, tô mais fácil e o que quero mesmo é dizer que me fazes feliz. Tu chegas e me tomas e eu mato tua sede sem saber. Tu te espantas e me ganhas e preenche cada vão que eu nem sabia existir. Não sei desde quando, mas sei que desde cedo. Ainda me sinto completa.
És agora minha manhã preguiçosa, minha cura insubstituível, parte do que há em mim de indivisível. É insensato buscar razão na mágica e imprudente procurar fórmulas, não quero cópias. Quero a legitimidade da unicidade que temos. A minha essência prolongo em ti já que não trago medos de que me invadas. Deixo que visite cada uma de minhas ruas e encante-se com cada beco dos mais sombrios, sei que não tens medo do meu escuro. Então fica assim: eu digo, repito e insisto para que tu não esqueças nem duvides. Eu falo e brinco, me rebelo e te desespero, mas não vou te deixar, não vou me deixar. Porque tenho em mim o amor que te pertence e que mereces. Tenho aqui o zelo ideal que merece o problema andante que és e também a força pra continuar. Força essa que alimento de tempos em tempos com os tempos bons que me prendem, não é sempre fácil não renunciar.
A nossa liberdade aí, se exibindo num samba irresistível, mas a nossa valsa é que ganha a festa. Decoramos nosso compasso próprio e a música é som incansável aos ouvidos. Tenho sonhado acordada mais que em qualquer noite sem fim, tenho acreditado num celestial que me provaste real. Alternativamente acessíveis em toda e qualquer parte: tenho que assumir a insanidade que é te sentir sempre ao meu lado, impossivelmente real.
Nascemos com vida eterna e com a intuição de algumas outras já passadas. A verdade é que os tempos dividiram-se em dois: antes e depois. Foste um mal convertido em bem, ambos necessários. E sei que serão muitos os cortes, muitas as mortes, mas nossa vida é bem maior e inestimável, renasceremos em infinitude. O céu é um só; o planeta, "redondo" e o mundo, cheio de esquinas. Um dia te encontro sim. Tenho paz, amor e paciência. Ainda te espero aqui, do jeito que tem que ser.