quarta-feira, 28 de julho de 2010
The ghost of a good thing.
"Lay down your guns, too weak to run. Nothing can harm you here.
Your precious heart, broken and scarred. Somehow you made it through."
[Better Than Ezra]
Ei, volta! Volta aqui e me diz que não tem mais volta. Volta pra me dizer que entre tantas voltas nos perdemos nessa circunferência confusa que tem nos arrematado. Dá uma volta mais nesse nó que criamos e nos prendemos com força tamanha. Mais uma volta para assegurar o não desenlace, pra assegurar-me tua não-ida. Peço que vá, mas peço que voltes. Peço antes que voltes, depois que vá. Volta pra me dizer que, apesar de tanto amor, não tem mais volta, não tem mais jeito, não tem mais... Aperta o laço pra nos termos assim, numa proximidade irremediável, mas cautelosamente separadas por uma distância necessária. Porque perto assim, sinto que não vai funcionar. Perto assim sinto que teu nó me ata e a liberdade que eu quero ter voa pra longe e te amarra em mim. A minha liberdade te amarra em mim... Liberdade amarrar, já viste? Quando digo que o caso é sério, o acaso é sério... Vou chamar a polícia, o bombeiro, o médico. Vou chamar um gari que te limpe em mim, que varra teus restos que me sujam. Vou comprar um xarope que cure esse crime que se passa aqui e um colírio para ver melhor a possibilidade encantadora de cada novo convite que não me atrai e deixo passar. Vou chamar um qualquer capaz de me dizer que sou vítima de um homicídio doloso, vítima viva e isso não é o mais incrível. Sou além de vítima, testemunha, júri e sou juiz. Tu és o crime, és o réu. Um réu que, mesmo calado, anula minha sentença de prisão perpétua e persiste num sequestro leve, num furto indireto.
Volta, mas volta mesmo. Volta pra fechar a porta que deixei entreaberta enquanto te esperava voltar. Me diz que agora vai embora de vez, pra não voltar nunca mais e abre a janela pra minha falta de ar ser compensada pelo vento que vai invadir quando tu saíres. Invadir o vazio costumeiro que a tua ausência me traz. Quando tu saíres e me deixares tantos buracos, levando tantos cheios que eu costumo ter, vê se percebe que quando fechaste a porta, dessa vez dei-me ao trabalho de trancá-la. Dei-me ao trabalho porque te quero sempre perto, mas agora do outro lado, de outro jeito. Vais tentar usar a força bruta e arrombá-la ou a gentileza e pedir calmamente para que novamente entres, mas será pela janela que um intruso vai invadir e colonizar o teu espaço, nova metrópole. Sem mais voltas nesse laço já deveras apertado. Desenrola, desamarra, desfaz. Ainda que envolta nessa nossa desorganização, tento limpar-me e peço-te por uma ida, sem volta. Desembarque imediato.
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Se fosse tão simples apenas ir embora e abandonar essa confusão. As vezes é exatamente por isso que a gente se apaixona. Pela indecisão, o conflito, a angústia de se estar junto num complexo jogo.
ResponderExcluirO que você faz com as palavras é um roteiro de cinema com Oscar garantido. TODAS as indicações a você.
(Se eu disser que lavo e passo [esporadicamente] é melhor você começar a olhar as igrejas. Acho um tanto deslumbrante quando mulheres fazem esse tipo de pedido)
Amanda, que texto lindo...
ResponderExcluirTu escreve tão bem....
Parabéns por mais um texto maravilhoso...
Voltarei sempre aqui...
Bjok, Flor..
(Nós) duros de desfazer,passamos muito tempo tentando, as vezes até choramos porque já doem nossos dedos, e quando conseguimos, você percebe que tem mais nós por debaixo dos que desfizemos.... Mas olha, é complicado demais.
ResponderExcluirÉ esse querer a ausência na companhia e querer companhia na ausência que faz com que as coisas sejam cada vez melhores. O que seria de nós se estivéssemos sempre satisfeitos?
ResponderExcluirParabéns pelo blog, ótimos textos!
O amor nos dá a liberdade de nos prender em alguém.
ResponderExcluirComplicado não?! Mas foi a primeira coisa que me veio á cabeça quando acabei de ler seu texto,rs
Lindo ele *.*
Beijos.
Minha flor, que texto hein..Puxa, fico até sem palavras. Já me senti assim, e recordo porque foi a pouco. Pelo que deve ter visto no blog, voltei. Sim, eu voltei mas não sei se é pra ficar - e muito menos, se ele é o meu lugar. Hahaha
ResponderExcluirMas, eu andava tão, mas tão infeliz tentando esquecer e me auto-sabotando, sofrendo, que eu resolvi dar uma chance pra mim mesma, e pra tudo o que eu sentia: me abri pra que eu estivesse disposta então, a sofrer mais uma vez. Não sei te dizer em que pé tudo se encontra, porém, fico às vezes anestesiada de felicidade, e noutras, apática em tédio. Teu coração escolherá, tu vais ver. E não terá como ir contra, já te digo!
Um beijo guria
Queeeeeeeee liiiiiiiiindoo..
ResponderExcluirAs vezes eu queria que existisse o embarque imediato..
mas não é só comprar a passagem!
=/
Simplesmente encantada com teu blog, com tua escrita, com este post.
ResponderExcluirEstou seguindo, voltarei sempre!
beijos e parabéns!
Com o tempo passa!
ResponderExcluirComo ela disse /\ Post encantador!
Caraaamba ! Sou incapaz de eleger o meu preferido, mas esse com certeza é dos melhoores textos ! Tem dias que me dá uma sede de ler alguma coisa escrita por ti...
ResponderExcluirThaís.
nossa seu blog é muito bom, lindo e você escreve muitissimo beem!!
ResponderExcluirsério, parabéns seus textos são ótimos.
p.s: adorei também seu perfil quanta personalidade em? um texto de Lispector pra nos traduzir como sempre ela faz muito isso.
é uma ótima tradutora de pensamentos esse no seu perfil eu ainda não tinha lido e gostei muito.
Vários sorrisos vou estar sempre por aqui me surpreendendo.
:)
Adorei o texto! Você traduz os sentimentos de forma incrível, com expressões ótimas *-*
ResponderExcluirps. obrigado pelas visitas no blog :D
beeijo!
Essa confusão de sentimento só faz mostrar que por mais intenso que seja esse amor, não sabe-se o que quer, ou que têm. Mas somente o que sente.
ResponderExcluirSegurei meu queixo. Um texto cheio de ritmo, intenso, maravilhoso! Sério, adorei-zão! Eu adoro teus escritos, cheios de verdade e sentimento, tocantes. Beijões!
ResponderExcluirEsse vai-e-vem me faz voltar ao passado e ver que algumas coisas ficaram na volta que ficou ara trás e que, outras, podem a volta acertar. Enfim..não há como saber se não criar coragem e tentar...
ResponderExcluirObrigada pela visita, viu!
Bjs
Mandinha, tuas linhas deram uma volta em mim.
ResponderExcluirDepois deste texto, você deve ter achado a chave mestra, suponho.
ResponderExcluirquanta intensidade!
ResponderExcluire ai dele se não voltar, ou ao menos se não entregar aquilo que levou de ti.
ResponderExcluirgosto sempre daqui. maybe because i´m just like you.
Beijos, fiquei feliz pela sua visita.
nossa muito bom o texto
ResponderExcluire quando a gente pede pra ir, que va mesmo ne!
beijos flor
Amanda,
ResponderExcluirUm texto cheio de intensidade, sentimentos e super bem escrito.
Parabéns moça
Beijos
muito lindo, você tem o dom das palavras.
ResponderExcluir"Vou chamar um gari que te limpe em mim, que varra teus restos que me sujam."
ResponderExcluirSe encontrar um modo, me conta? Tô precisando.
Lindo, lindo, lindo.
Texto maravilhoso este!
ResponderExcluirCheio de sentimentos, parabens!
bjos
te indiquei para o blog de ouro, ok ?! está no último post do meu blog (:
ResponderExcluirlindo lindo!
ResponderExcluirescreves muito bem...
beiijo,
*.*
escreve tão bem, gostei do texto *-*
ResponderExcluirÉ chato dizer, mas perco as palavras quando te leio.
ResponderExcluirEssa agonia eu conheço bem, bem mesmo...
Essa 'vai, volta; não vai, desata, desfaz, fica...'
Ah, eu sei bem.
Belo!
=*
As tuas palavras desenredam o embaraço que todos os relacionamentos possuem - esse querer sem querer. Já fui/sou desse jeito e, talvez, no momento eu apenas sinta a indiferença cá dentro. E anseio que o tempo cure e me mude, porque até dessas confusões, confesso, é gostoso de sentir só para apreciar o gosto da presença um do outro!
ResponderExcluirBeijos
:*
É como um desabafo, palavras que não podem (nem devem) ser contidas, mas que ao mesmo tempo expulsam e abrigam o sentimento.
ResponderExcluirCaramba, adorei meeesmo!
ResponderExcluirPerfeito!
*-*
''A minha liberdade te amarra em mim... Liberdade amarrar, já viste?''
Genial!
onde foi que eu já vi isso mesmo? ah, foi quando vivi amores infinitos que acabaram findos.Maestria e precisão indescritíveis na tradução do que são os sentimentos. As vezes eu SINCERAMENTE me pergunto se tu tens mesmo só 18 anos. Brigado MESMO, amanda. =*
ResponderExcluirOi Amanda! Como está?
ResponderExcluirBem,são confusos os sentimentos quando há desencontro. Porém, reclamar de quê? E se vivemos, já é algo. Tenho pena dos que jamais se confundiram, pois nunca saberão se é amor de fato.
Jefhcardoso do http://jefhcardoso.blogspot.com