quarta-feira, 9 de junho de 2010

Love drunk


'I used to be love drunk, but now I'm hangover
I love you forever, forever is over'


Bebi amor em goles seguidos, em shots ardentes, em drinks irrecusáveis. A ressaca bateu forte. Acordei e me doía tudo, lembranças violentas. A amnésia esperada não aconteceu, memórias vinham me sacudir trazendo a tona tudo que eu queria esquecer. O cheiro leve de um amor qualquer me fazia estremecer, náuseas de saturação. Tentei vomitar, não consegui, nada saía. Tudo dentro, inexplicavelmente dentro e fazendo uma bagunça inimaginável. Como qualquer pós-bêbado, jurei nunca mais embriagar-me. Jurei passar longe de taças e qualquer pequeno amontoado de sentimento engarrafado.
Passado o trauma (não por completo, nunca é), optei por entregar-me ao prazeres óbvios. Um pouquinho de instinto e luxúria pra consolidar minha renúncia provisória ao amor. Noites curtas de uma longevidade bem aproveitada. O que eu precisava era de um pouquinho de transgressão. Jovem demais pra fingir e não há quem me contradiga: primeiro há de perder-se para, então, encontrar-se. Perdi-me em primeira classe, 5 estrelas. A sentença de liberdade perpétua me confortou, oásis. Embriaguei-me de desapego e devo dizer: o gosto desceu doce. Fácil.
Não era falseamento, não. Muito menos auto sabotagem. Era eu sendo feliz do jeito mais egoísta já visto. Era eu me amando de um amor com devoção absoluta. Era eu sendo fiel à uma felicidade tranquila, independente, individualista. Era eu cumprindo cada promessa feita à mim mesma, revigorando os laços comigo. Aproveitando essa licença privada sorri alto, dancei indiscretamente, acordei arrependida, extravasei. Foi bom, fez bem.
Esse impulso de auto adoração se espalhou em mim numa rapidez inexplicável enquanto eu ia vivendo dias de permissividade quase absoluta. Despercebidamente virei adepta da Lei de Talião e apresentei a ressaca de amor à alguns corações. Mas juro, não foi minha intenção. Minhas intenções não eram as melhores, mas não eram perversas, nunca foram. Minha intenção era ser feliz, intensamente. E eu fui. Se fui!
Trepidantes noites (dias ou tardes) de felicidade irresponsável. Mas achei também, entre tanto barulho, o meu sossego e tive uma paz excêntrica, calma-agitada. Entrei na ciranda no seu rodopio veloz. Acompanhei o ritmo incansavelmente. Mas até o incansável cansa e me faltou o fôlego. Sentei pra descansar e você chegou. Me ofereceu um copo com um sorriso despretensioso e eu arrisquei: é uma dose só. Por que não?
Esqueci então que é de dose em dose que nasce a ressaca.

29 comentários:

  1. Mas há que se desfrutar do vinho. Em doses que deixam a gente com gosto de sonho na boca.

    O amor existe pra fazer a gente feliz, certo?
    Nada de amarguras!

    Obrigada pelo carinho.

    Um beijo de sol com vinho. rs

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  2. Ah, menina, quanto talento. Lindo, lindo.

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  3. É de dose em dose, que a gente revive todo um pesadelo também. Já pensaste em reabilitação? De vez em quando, é ótimo mudar, inoperar, transgredir. Te desejo luz, e não muita dor de cabeça no dia seguinte :)
    Beijinho!

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  4. ''Aproveitando essa licença privada sorri alto, dancei indiscretamente, acordei arrependida, extravasei. Foi bom, fez bem.''

    Maravilhosos o texto.Me identifiquei com cada palavra,frase e sentido.

    bj!

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  5. Andei bebendo desapego por estes tempos tbm, mas não tive a coragem de voltar a provar do amor!
    MUITO bom o texto
    beijos

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  6. "Bebi amor em goles seguidos, em shots ardentes, em drinks irrecusáveis. A ressaca bateu forte. "

    PERFEITO! simplesmente amei o post!

    beiijo
    *.*

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  7. Otimo teu post! É tão gostoso ler algo quando a gente se identifica e tu expôs tudo perfeitamente.. me encantei. Adorei teu blog mesmo, parabéns flor!

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  8. se foi feliz entao,oqe mais ker?
    adorei

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  9. Oi amanda, vim agradecer o comentario.
    E dizer que gostei muito do seu post (:

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  10. Um texto ousado e realista, muito bom, parabéns, ganhou um novo seguidor =p

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  11. Cada um na sua intensidade, em goles de paixões desentendidas, onde nos encontramos sóbrias de tanto amor confuso, mesmo que estejamos mais que bebadas de nós mesmas, dançamos tentando nos mostrar que não precisamos de par...mas quando ele chega e oferece algo bom, somos capazes de nos arriscar, nem que seja um golinho, e quando é bom... Alguns goles se tornam eternos.

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  12. Parabéns, lindo texto e lindo blog!
    Que talento em?
    Obrigada pelo texto, afinal de contas, ele é para nós, seus leitores, e hoje eu faço parte dessa posse.

    Obrigada pelo comentário no meu blog. :)

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  13. Não sei se eu estou enganada, mas sinto que já vim aqui, li esse texto e até comentei...
    Mas não achei o meu comentário, então devo ter me enganado: eu não comentei, rs; apenas devo ter lido.

    E digo: escreves muito bem.
    Às vezes se quer beber a vida por completo; nesse caso, o amor. E lá vem a ressaca, pelo menos a noite foi boa.

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  14. Liiindo *-* Você sempre surpreende ! Consegue transmitir as sensações mais loucas e inesperadas, fazendo-nos esperar ansiosamente pelo próximo post ! Te amo !
    Thaís.

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  15. Se for pra esquecer, eu prefiro beber !

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  16. Ah! Di, arrepiei pensandp nessas suas trangressões. Não recomendo juízo, pois sei que por trás da sua rebeldia se esconde um cabeça madura e extremamente sensata. My love. mamily.

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  17. Mais surpreendente que o texto foi o que a tua mãe comentou hahaha ;X
    x)
    Thaís.

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  18. Texto espetacular! Do tipo que não nos deixa parar de ler... lindo!
    Bjinhooos

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  19. E é de sorriso em sorriso que se nasce o sentimento. Concordo totalmente com a Diana Bruna, no comentário acima. O texto está espetacular, de uma sinceridade tão grande que dá vontade ler e reler, até decorar pra ficar lembrando depois...

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  20. "Era eu sendo feliz do jeito mais egoísta já visto."

    eu seeeiiiii beeem o que é isso.
    e sabe?! estou aproveitando o momento.

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  21. Lindo, lindo, lindo de mais! Amei!
    Tem selinho pra você no meu blog!
    Beijo!

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  22. além de mais uma vez agradecer por um texto tão fantástico, devo confessar, que eu adoro essas ressacas aí, porque dão o impulso pra essas revigorantes crises de egoísmo. haha
    lindo, lindo =*

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  23. eu tenho uma longa ressaca como a sua, e quando ela vai acabar, uma nova dose me é posta a frente e calientemente meu corpo não , consegue recusar. E o blackout da memória não chega, apenas vai acumulando drinks e mais drinks no pensamento que se transformam em movimentos.

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  24. caramba! NOSSA! muito bom guria! :O
    não consegui parar de ler. usou muito bem as palavras, deu ritmo.
    Parabéns, ficou muito muito bom, adorei!
    beijos

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  25. É como diz o ditado. De dose em dose, a galinha se estrepa.

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  26. eu amo tanto esse seu texto. Me identifico demais.

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