“I know I know I know, you’re still my love. The same as Iove you, you’ll always love me too. This love isn’t good unless it’s me and you.”
[Tegan and Sara]
Uma carta pra você-que-fez-tudo-errado. Meu bem, me diz: como foi que você chegou aqui? Aqui, eu digo, em mim, porque isso de “aqui” é um tanto quanto inalcançável pra nós, condenados a essas coordenadas distantes. Não me foi exigido um cômodo vago, nada de solicitações. Houve, sim, um amor invadindo qualquer espaço mínimo com um resquício qualquer de ar, uma espécie de alojamento imediato e, no fim das contas, bem vindo. Pioneirismo seu, que me apresentou amor. Não sabia lidar, deixei entrar, roleta russa que me acertou o peito. Outra dimensão dos verbos, outros alcances pros advérbios. Você mudou a semântica em mim. E a gente segue assim: se achando em tudo enquanto não pode se encontrar. E a gente segue assim: encontrando a calmaria na nossa tempestade particular. E a gente segue assim: se revirando pelo avesso pra redescobrir aquela já enferrujada certeza na qual se apoiar. Então eu te amo como ouço minhas músicas preferidas: com fones de ouvido. Te amo com fones pra sentir cada nota, entender cada junção que faz nascer o acorde. Te amo com fones pra não deixar que o ar me tome um detalhe sequer, pra não deixar que banalizem a nossa trilha sonora. Te amo com fones porque sinto ciúmes, porque não divido, porque nada jamais foi tão meu assim. Mas, ei, era mesmo pra ser uma carta? É, uma carta pra você-que-fez-tudo-errado e me deu o amor mais certo. Te amo como a vida me ensinou o melhor do amor. Te amo com o melhor que há em mim. Já não há quem duvide: a realidade sobrepôs a fantasia. Ele canta pra gente e mexe comigo “I think I love you better now”. Deixo de ser só pra ser dois em nós.