segunda-feira, 28 de março de 2011

Off by heart



"I know I can't take one more step towards you, cause all that's waiting is regret. Don't you know I'm not your ghost anymore? You lost the love I loved the most. I hear you're asking all around If I am anywhere to be found. But I have grown too strong to ever fall back in your arms."

[Christina Perri] 

Você vem e me rasga com a tesoura de um adeus seco, simples. E eu aqui a me fingir completa nessa vastidão de orgulho. Eu permaneci aqui, na linha de chegada, mal sabendo que você não voltaria. Porque não demos adeus, eu sei, mas a partida foi definitiva e a sua volta, proibida. Andei uns passos trôpegos com um medo visível de despencar sem o pedaço que você acaba de me tirar, um desequilíbrio vergonhoso. Ainda que tricotada, integralmente luto contra o pedaço solto que insiste em querer você. Ouço sua felicidade e aterro minha desilusão, não era nada daquilo. Deduzi, preferindo a verdade laminada, não era nada daquilo... Você carrega sempre uma ternura forjada, uma carência fingida e eu aqui pensando que podia lhe completar com meu amor, lhe preencher com a minha solicitude. Era na sua verdade sem vigor que descansava minha insegurança. Eu quase cedi e você nem viu. Não viu minhas tentativas tortas de tentar fazer-me entender ainda que afundada em meio à tanto silêncio. Você não viu que minhas palavras cambaleavam frente aos seus olhos.
A minha vontade instantânea é de empacotar tanto sentimento embaralhado e jogar no mar que assiste a essa cena tão byroniana de amor fracassado e spleen. Pra que as ondas levem ou mesmo afoguem tanta vontade não correspondida, tanta prontidão em vão. Queria era dizer “Me leva, vou com você.”. Onde? Não perguntei. Não importava. Simplesmente arrumaria as malas e me mandaria pra me quebrar por aí pelo mundo, nessa vida bandida com você onde quer que fosse. Mas não foi suficiente e você não quis me levar. E agora, penso eu, nem mais quero ir, porque aprendi a pensar com a razão. E sinto como se eu tivesse deixado passar, frente a meus olhos, tantas provas inegáveis de que eu não era pra você. E não o que você precisava ou queria (para o inferno com tuas necessidades!), mas irrefutavelmente o que não merecia e nunca mereceu. Esquece o mérito, minha querida. Esquece o mérito que não é proporcional ao amor, não é sobre conveniências. Esquece o mérito e olha pro mar. Deixa naufragar, deixa passar, deixa a onda limpar. Sei que ainda me considera isca, não mais tão fácil, pro seu anzol, mas há muito mudei de águas. Mudei de águas e vejo tua sombra aflita pedindo por oxigênio. Mas não sou eu quem vai lhe dar. Não sou eu, deixo afogar.