
"Words like violence break the silence come crashing in into my little world. Painful to me, pierce right through me. Can't you understand? Words are very unnecessary, they can only do harm. Vows are spoken to be broken. Feelings are intense, words are trivial. Pleasures remain, so does the pain. Words are meaningless and forgettable.
Enjoy the silence..."
[Depeche Mode]
Não gosto de palavras exibicionistas. Não gosto de discursos apelativos. Não gosto de demonstrações públicas de afeto. Não gosto de alardes de um amor histérico.
Assim, colado à minha discrição sentimental, postou-se o meu amor, calado. Te amei tanto que nem sei... Um amor colossal, mas quieto. De uma arquitetura fantástica, milimetricamente construído, mas musicalmente quase inaudível, notas abafadas. Inexplicavelmente agitado que fez um barulho perto do insuportável dentro de mim. Tu chegaste e eu senti uma festa, fogos, êxtase. Por fora, um mar sereno, pôr-do-sol contemplativo.
Amor a gente não grita ou ele corre, assustado. A gente canta baixinho, canção de ninar, embalo na rede. E eu fui te amando no meu silêncio que não pede por audiência, não gosta de ibope. Tu ouviste? Sussurrei meus segredos e ninguém ouviu. Não quis desnudar-me para a incompreensão, não haveria quem pudesse entender um amor daqueles. Ah, se era amor, viu?!
Quanto de mim tu querias? Tiveste tudo sem saber. Não me revelei por saber-te vertigem, abismo. Pulei do precipício 18 vezes dentro de mim, o que tu viste foi uma menina calada na beira da pedra admirando o horizonte. Tu achaste que faltou coragem, eu achei que sobrou precaução. Dentro de mim voei livre até cair por terra, mas tu não viste minhas asas, só os meus pés presos demais ao chão. Eu nadei oceanos, afoguei sem ar e o que tu viste foi o meu medo pacífico frente ao mar.
Fui julgada indiferente mesmo detentora de tamanho sentimento, não repliquei. As réplicas do meu amor seriam uma calamidade, uma valentia, grito de guerra, mas não repliquei e tu achaste que havia ganhado a batalha. Minhas razões não te foram outorgadas e então virei vítima da minha resistência.
Não há quem ouça um amor mudo, não há quem veja um amor invisível, não há quem narre um amor intraduzível. Te amei de um amor implícito, consumado em não-palavras. Escolhi amar-te em silêncio porque sei que a verdade não faz barulho. É o meu calado ainda colado em mim.