"The smile that's on my mouth is hiding the words that don't come out. And all of my friends who think that I'm blessed, they don't know my head is a mess. No, they don't know who I really am and they don't know what I've been through like you do. And I was made for you..."
[Brandi Carlile]
Eu precisava te puxar, entre tropeços nessa água torrencial, pra te dizer do nosso lugar comum. Pra assumir que nunca desisti e jamais duvidei da nossa completude. O que fomos, tudo que somos, me é indiscutível. Ajusto-me à tua frequência. Sumo quando é no meu ritmo que embalamos, mas tu sabes me fazer voltar à dança. Aprendeste a me domesticar e meu bicho solto, então, se perde nas tuas florestas de cativeiro.
Então tu falas, porque sabes que me tem refém dos teus tons. Falas e me ganhas, já sabendo que sou troféu movediço, de fuga fácil, mas volta inegável. Sou eu o álbum da tua vida, é minha a foto em sépia restaurada que figura na capa. Sou teu passado translúcido que volta sempre, majestade do teu reino em ruínas. Tronos virão em sucessões incansáveis, mas a coroa é minha. Te pego pelas mãos, nos realizo nessa chuva, enlaço nossas fragilidades, reconstruo nossas imaginações.
Somos palavras de um vento que não despedaça, somos promessas quebradas de uma inocência impensadamente ingênua. Somos a respiração cansada, os pés calejados, os olhos marejados… Somos partes desgastadas de uma unidade invencível.
Não, amor, não corre nesse chão deslizante que a rapidez é cilada. Vamos devagar, num compasso paralelo, alheios à essas rotações velozes demais. Não tenho pressa, não te apresso, só nos guardo o apreço. Caminho em passo lento pra ter tempo de relembrar que nem toda minha literatura foi capaz de nos evitar. Nem todas as bibliografias foram capazes de me preparar e fiquei assim, desarmada em campo de batalha, com uma rosa na mão em frente à esses disparos múltiplos.
Com pés nus sob um chão áspero, com olhos abertos nessa neblina cega, com braços vazios e abraços ausentes. Me guardo ainda aqui, em paz pra nossa guerra.