segunda-feira, 21 de junho de 2010

Nothing but change.


"Passes things, get more comfortable. Everything is going right. And after all the obstacles it's good to see you now with someone else. And it's such a miracle that you and me are still good friends. After all that we've been through, I know we're cool. Memories seem like so long ago. I'll be happy for you if you can be happy for me."

[Gwen Stefani]



Acabou. Não mexe mais. Não inquieta, não aflige. Desandou. Não é o que era, modificou. Não preciso derrubar convicções alheias, conheço minha verdade. Não foi um desamor, só um amor renascido. Um amor não-paixão, um amor não-saudade, um amor não-romântico, só amor. Só amor? Nunca só, sempre tanto.
Já não há relutância em esquecer. Passou, passou sim. A água que saiu da minha nascente há um ano atrás, hoje desagua no mar, libera-se longe. Eu, mais leve. Leve e solta por contentar-me em solidão, tenho sim paciência.
Abafei a turbulência que um dia tive contigo. Não por altruísmo, mas egoísmo. Não foi por fidelidade a ti que deixei de sentir, mas, por lealdade a mim, decretei-me desapegada. Faz sentido, afinal.
Deixei de querer-te porque meu querer era... Era... Era! Não é mais. Agora minhas amenidades sussurram cuidadosamente uma vastidão de contentamento por ser assim, pacífica. Por sermos assim, calmaria. Sorrateiramente obriguei-te a mudar de cômodo em mim. Não um despejo, mas um reajuste.
Reajustados, reconstruídos. Claro, limpo. Sem enganos. Mudou de cor sem desbotar.
Minha casa ainda é o teu lar, mas fechei algumas portas e abri a janela pra respirar.


"Lembro dele sem rancor, sem saudade, sem tristeza, sem nenhum sentimento especial a não ser a certeza de que, afinal, o tempo passou."

[C.F.A]

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Love drunk


'I used to be love drunk, but now I'm hangover
I love you forever, forever is over'


Bebi amor em goles seguidos, em shots ardentes, em drinks irrecusáveis. A ressaca bateu forte. Acordei e me doía tudo, lembranças violentas. A amnésia esperada não aconteceu, memórias vinham me sacudir trazendo a tona tudo que eu queria esquecer. O cheiro leve de um amor qualquer me fazia estremecer, náuseas de saturação. Tentei vomitar, não consegui, nada saía. Tudo dentro, inexplicavelmente dentro e fazendo uma bagunça inimaginável. Como qualquer pós-bêbado, jurei nunca mais embriagar-me. Jurei passar longe de taças e qualquer pequeno amontoado de sentimento engarrafado.
Passado o trauma (não por completo, nunca é), optei por entregar-me ao prazeres óbvios. Um pouquinho de instinto e luxúria pra consolidar minha renúncia provisória ao amor. Noites curtas de uma longevidade bem aproveitada. O que eu precisava era de um pouquinho de transgressão. Jovem demais pra fingir e não há quem me contradiga: primeiro há de perder-se para, então, encontrar-se. Perdi-me em primeira classe, 5 estrelas. A sentença de liberdade perpétua me confortou, oásis. Embriaguei-me de desapego e devo dizer: o gosto desceu doce. Fácil.
Não era falseamento, não. Muito menos auto sabotagem. Era eu sendo feliz do jeito mais egoísta já visto. Era eu me amando de um amor com devoção absoluta. Era eu sendo fiel à uma felicidade tranquila, independente, individualista. Era eu cumprindo cada promessa feita à mim mesma, revigorando os laços comigo. Aproveitando essa licença privada sorri alto, dancei indiscretamente, acordei arrependida, extravasei. Foi bom, fez bem.
Esse impulso de auto adoração se espalhou em mim numa rapidez inexplicável enquanto eu ia vivendo dias de permissividade quase absoluta. Despercebidamente virei adepta da Lei de Talião e apresentei a ressaca de amor à alguns corações. Mas juro, não foi minha intenção. Minhas intenções não eram as melhores, mas não eram perversas, nunca foram. Minha intenção era ser feliz, intensamente. E eu fui. Se fui!
Trepidantes noites (dias ou tardes) de felicidade irresponsável. Mas achei também, entre tanto barulho, o meu sossego e tive uma paz excêntrica, calma-agitada. Entrei na ciranda no seu rodopio veloz. Acompanhei o ritmo incansavelmente. Mas até o incansável cansa e me faltou o fôlego. Sentei pra descansar e você chegou. Me ofereceu um copo com um sorriso despretensioso e eu arrisquei: é uma dose só. Por que não?
Esqueci então que é de dose em dose que nasce a ressaca.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

So what?


Qual é a primeira palavra que você lê?